História , Fauna e Flora do Brasil
"Carcará come inté cobra queimada
Quando chega o tempo da invernada
O sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim num passa fome..."
Carcará João do Vale
"Carcará come inté cobra queimada
Quando chega o tempo da invernada
O sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim num passa fome..."
Carcará João do Vale
domingo, 12 de junho de 2016
O Canto do Uirapuru
VISITE O BLOG EPICUS MAGAZINE
Canto do Uirapuru Verdadeiro (Cyphorhinus aradus) by Aquariosmaster
A
LENDA
Diz a
lenda que um jovem guerreiro apaixonou-se pela esposa do
grande cacique.
Por se
tratar de um amor proibido não poderia se aproximar dela.
Sendo assim, pediu ao
deus Tupã que o transformasse em um pássaro.
Tupã transformou o em um pássaro
vermelho telha, com um lindo canto.
O cacique
foi quem logo observou o canto maravilhoso daquele
pássaro. Ficou tão fascinado
que passou a perseguir o pássaro para aprisioná-lo e ter seu canto só para ele.
Na ânsia
de capturar o pássaro, o cacique se perdeu na floresta.
Todas as noites o Uirapuru canta para a sua amada.
Tem
esperança que um dia ela descubra o seu canto e saiba
que ele é o jovem
guerreiro.
Uirapuru - Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano
Uirapurú/ Heitor Villa-Lobos
Aves do Brasil - Uirapuru. O canto mais lindo do Brasil.
História da civilização brasileira: O Riacho Fundo de Águas Belas
A breve e desconhecida história de Lourenço Bezerra das Antas Senhor daquelas terras.
Casarão do Riacho Fundo
No município de Águas Belas PE existe uma serra denominada Serra das Antas devido à aparência de algumas montanhas com Antas. No alto da serra, perto da cidade, existe um casarão que foi construído no século XIX por Lourenço Bezerra Cavalcanti. Ele era filho do Capitão Comandante Lourenço Bezerra Cavalcanti (Lourenço Bezerra das Panelas), e de D. Ana José Joaquina Cavalcanti. Neto paterno de Manoel Leite da Silva, Capitão das Ordenanças da cidade de Olinda, Capitão de Cavalos e Capitão Mor do Ararobá, e de D. Maria Cavalcanti de Albuquerque. Neto materno de Antonio de Carvalho Cavalcanti de Andrada, e de D. Jerônima Luzia Paes Barreto de Albuquerque.
Interior do casarão
Lourenço Bezerra era descendente direto de um famoso e histórico casal de Pernambuco: Jerônimo de Albuquerque e a filha do cacique dos Tabajaras Muira Ubi, que viveram no século XVI. Jerônimo era um nobre português que veio acompanhar sua irmã Brites de Albuquerque, casada com capitão Duarte Coelho, donatário da capitania de Pernambuco.
Cozinha do Casarão
Lourenço Bezerra Cavalcanti nasceu em Buique e morreu em Águas Belas em 1859. Foi Coronel Chefe da Legião da Guarda Nacional em Guaranhuns e Deputado da Assembleia Provincial em quatro legislaturas. Casou-se com dona Josefa Florentina de Albuquerque Maranhão na Matriz de Águas Belas no dia 8 de setembro de 1802, celebrado pelo padre José Rebello Pereira Torres.
Frente do Casarão
Em 1807 Lourenço Bezerra deslocou-se com a família para o setor alagoano de Atalaia, em face da tremenda estiagem do sertão pernambucano, dedicando-se ali á cana de açúcar no Engenho da Lama e outras propriedades. Retornou a Água Belas em 1822 e tornou-se diretor da aldeia indígena local.
Igreja Presbiteriana de Águas Belas
O Coronel Lourenço Bezerra possuía uma extensiva propriedade em torno do seu engenho, que era chamado de Riacho Fundo. Tinha enorme prestígio e influência política nas antigas freguesias de São Bento, Buique, Águas Belas e Papacaça, em Pernambuco.
Suas plantações de cana e os seus engenhos sofreram diversos ataques dos negros Papa-Méis, fugidos da escravidão. Estes ataques tinham apoio dos índios fulniô de Águas Belas.
Tais hostilidades eram desdobramentos do levante realizado por de Antônio Timóteo de Andrade no agreste pernambucano, e João Batista de Araújo, na praia de Barra Grande, hoje povoado do município de Maragogi / AL.
Este levante era um movimento restaurador armado, que tinha por objetivo trazer de volta ao trono do Brasil, o Imperador D. Pedro I, que havia renunciado e voltado para Portugal. Este movimento passou para a história como “ A Guerra dos Cabanos “, e iniciou-se entre maio e junho de 1832.
Porém, já em 1830, o coronel Bezerra das Antas tomou parte da reação a este levante, quando reuniu tropas que incluíam seus jagunços e outros aliados e os enviou para compor as forças do Governo. Estas tropas foram lideradas diretamente por ele e contribuíram poderosamente para debelar o movimento revolucionário que, durante mais de três anos, terminou depois de ingentes esforços e sacrifícios de muitas vidas.
Cabanada
A guerra inicia-se entre maio e junho de 1832, com os levantes de Antônio Timóteo de Andrade, em Panelas de Miranda, no agreste pernambucano, e João Batista de Araújo, na praia de Barra Grande, hoje povoado do município de Maragogi - AL.
Em 26 de Outubro de 1832, tropas provinciais mataram em combate, no reduto do Feijão, o líder Antônio Timóteo de Andrade. O Almirante Tamandaré prende o líder João Batista de Araújo em sua casa, na praia de Barra Grande.
Entre novembro de 1832 e Janeiro de 1834, a chefia do levante passa para as forças populares, sendo o comandante geral Vicente de Paula líder supremo da Insurreição Cabana.
Vicente de Paula unificou a chefia insurrecional e buscou apoio dos negros Papa-Méis, que viviam fugidos da escravidão nas matas. Iniciou os ataques aos engenhos de açúcar para libertar os negros escravos. Aderiram à guerrilha os índios kariri, das aldeias de Jacuipe, os índios fulniô de Águas Belas, os índios Xucuru de Palmeiras dos Índios, os índios Garanhuns e os índios de Escalas.
Os primeiros acampamentos guerrilheiros são erguidos nas matas de Imbiras, Barra de Piabas e Piabas. Os cabanos, numa manobra guerrilheira tentam tomar o povoado da Barra Grande, mas são postos em fuga pelas tropas provinciais acantonadas ali. E recuam devido ao intenso tiroteio até o povoado de Gamela (hoje cidade de Maragogi), e de lá chegam à praia de São Bento, onde cabanos feridos se curavam dos ferimentos à bala.
Ocorre, então, a carnificina de São Bento, onde as tropas provinciais matavam à bala e à facada todos os cabanos que encontravam. Os negros papa-méis (assim chamados os negros escravos que fugiam da escravidão dos engenhos e se escondem nas matas) aderem à insurreição e mudam os rumos da guerra: lutam os cabanos agora pela libertação dos escravos, atacando inclusive os engenhos de açúcar e ocupam terras onde constroem seus arraiais guerrilheiros. A guerra termina em Janeiro de 1850, quando foi preso Vicente de Paula nas matas do Mato Frio pelas tropas provinciais. Os prisioneiros foram enviados ao presídio de Ilha de Fernando de Noronha. Morreu no engenho Marvano, em Jacuipe.
Tendo desempenhado importante papel em varias oportunidades, participando de inúmeros combates e, sendo portador de vários méritos em sua folha de serviços, encaminhou através de seu filho Dr. Bernardino de Carvalho de Albuquerque Maranhão, um requerimento no sentido de lhe ser concedido o titulo de Barão que lhe seria atribuído como Barão de Quipapá. Este requerimento foi deferido, recebendo a chancela de “Honras concedidas”, mas o agraciado faleceu antes da expedição do respectivo decreto imperial, revertendo a graça no mesmo ano (1859) a seu Lourenço Cavalcanti de Albuquerque Maranhão, que recebeu o titulo de Barão de Atalaia, e em seguida o de Grande do Império.
Lourenço Cavalcanti de Albuquerque Maranhão
Lourenço Bezerra Cavalcanti de Albuquerque era fidalgo cavaleiro da casa imperial, pelo foro que lhe cabia por seus pais e avós e de ambos os lados. Era Comendador das Ordens honorificas do Império. Há no Arquivo Nacional um requerimento seu a fim de lhe ser concedido o titulo de barão, cujo requerimento foi deferido, recebendo a chancela de “Honras concedidas”, mas o agraciado faleceu antes da expedição do respectivo decreto imperial, revertendo a graça no mesmo ano (1859) a seu Lourenço Cavalcanti de Albuquerque Maranhão, que recebeu o titulo de Barão de Atalaia, e em seguida o de Grande do Império.
Lorenço Bezerra Cavalcanti de Albuquerque e Josefa Florentina de Albuquerque Maranhão tiveram a seguinte sucessão:
Adriana Izabel de Albuquerque Maranhão;
Ana Cavalcanti de Albuquerque Barreto casada com Manoel Carneiro de Souza Lacerda;
Apolinário Florentino de Albuquerque Maranhão;
Bernardino de Carvalho de Albuquerque Maranhão, casado com Bárbara Edviges Cavalcanti de Albuquerque, filha de João Cavalcanti de Albuquerque Mello e de d. Maria América de Albuquerque Cavalcanti.
José Afro de Albuquerque Maranhão;
Lourenço Cavalcanti de Albuquerque Maranhão, Barão de Atalaia;
Manoel Silvestre de Albuquerque Maranhão;
Maria Francisca Clara de Albuquerque Maranhão casada com João Lins Calheiros;
Nicolao Florentino de Albuquerque Maranhão;
Rodriguo Castor de Albuquerque Maranhão;
Joaquina dos Reis Cavalcanti de Carvalho, filha natural havida em Vicência Maria;
Joana Cavalcanti de Albuquerque, casada com Manoel Tenório de Albuquerque;
Lourença Cavalcanti de Albuquerque casada com Manuel Ramos de Vasconcelos.
Os filhos do coronel Lourenço foram ancestrais de governadores, ministros de estado, etc.. Suas famílias geraram uma descendência com vários atores que fizeram a história do nordeste e do Brasil, que pouquíssimos brasileiros conhecem. Mas de geração em geração, cada descendente mameluco, fruto da união de um nobre português com uma nobre índia do sertão do agreste, ela é rememorada até os dias de hoje. Pois foi assim que aprendi esta história.
Célio Gallotti Guimarães
Assinar:
Postagens (Atom)